quinta-feira, 9 de junho de 2016

Os Contos de Beedle, O Bardo

   
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Claro que como uma grande fã da vida de Harry Potter, não posso deixar de comentar sobre o livro Os Contos de Beedle, o Bardo.
    Passando de modo geral pela sua história bruxa, o livro Os Contos de Beddle, O Bardo aparece pela primeira em Harry Potter e as Relíquias da Morte de J. K. Rowling (nenhum dos dois precisam de apresentações, né?). Ele é deixado de herança à Herminone quando Alvo Dumbledore resolveu não espontaneamente encontrar outros bruxos no mundo do além.
    Se você ainda não viu os filmes da série (o que eu duvido) vale muito separar um domingo e muita pipoca. Também vale rever e rever, né, gente? 

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    Mas não. O livro não fala sobre Harry Potter (se é isso que você está procurando aqui), é uma complementação ao fio condutor principal. Pois bem, retomando o livro, claro que a J.K. Rowling não iria deixar os seus fãs na mão e resolveu nos mostrar essas cinco histórias de fadas magníficas. Diz ela mesma, logo no início, que os trouxas já estão familiarizados com esses contos.
    Na introdução de Rowling não fica muito claro quem foi Beedle. Sabe-se que o bardo nasceu na Inglaterra durante o século XV.  Apenas uma xilogravura mostra que ele tem uma grande barba, mas a imagem não está no livro. Seria interessante se a imagem estivesse junto na contra-capa. A referência que me vem em mente quanto à descrição de Beedle é George R R Martin. Será que Martim é um bruxo? #ficaacuriosidade

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    É interessante ressaltar que os contos possuem as versões de Beedle e no final há um discurso de Alvo, comentando acerca dos contos (com as notas de Rowling).
    E é aí que nós entramos pra contar tudo e um pouco mais sobre essas comparações  (yeey!). Preparados?

O BRUXO E O CALDEIRÃO SALTITANTE

    Logo de cara a gente fica sabendo de um bruxo simpatizante de trouxas  que usa a sua panelinha para ajudar seus vizinhos. Quando ele morre, seu filho resmungão herda a panelinha e apenas um pé de pantufa, com o seguinte dizer em um bilhete: “Afetuosamente, meu filho, na esperança de que você jamais precise usá-la”. Em seguida, ele rejeita várias pessoas que lhe vem a porta pedir ajuda e é quando o caldeirão cria um pé de latão, perseguindo o jovem bruxo se estrebuchando ao soar como os problemas dos trouxas que bateram em sua casa.
    Com isso já sabemos do que irá tratar o conto. Ele fará uma referência ao compromisso e o quanto a não dedicação nos causará um profundo incomodo na vida diária. O bruxo ranzinza assume o compromisso do pai e calça a panelinha com a pantufa.
“Óh, uma fábula simples e comovente”, diz Alvo, zoando as pessoas justamente porque Beedle escreveu isso fora de sintonia com os bruxos da época. Eles detestavam os trouxas por causa da caça às bruxas e Alvo também comenta com o leitor sobre a vida dos bruxos durante os séculos. O eterno diretor de Hogwart nos diz que há várias versões da história que circulam no mundo. Existe uma versão que a panela come os trouxas (cuidado você aí que não é bruxo!) e outra que é tão imatura e faustosa que crianças se sentem enjoadas ao lerem.
    Eu fiquei confusa quando menciona pela primeira vez o aparecimento do pé de latão na Senhora Panela. Eu presumi que estava crescendo algum pé de fruta de dentro dela, mas na mesma frase minha interrogação foi calada. Tirando esse pequeno fato, achei a linguagem bem simples justamente porque o livro é para o público jovem bruxo.

A FONTE DA SORTE

    Aqui nós temos três bruxas e um cavaleiro azarado (trouxa) tentando chegar em um jardim encantado, cercado de muros para poderem se banhar na Fonte da Sorte.
    Reza a lenda que apenas uma vez, no dia mais longo do ano, o muro abre uma pequena brecha e apenas uma pessoa é puxada para dentro. Só que uma bruxa puxa a outra que puxa o cavaleiro.
    A história é basicamente sobre ter uma visão diferente do usual e conseguir superar os seus medos, contando com a ajuda dos amigos que estão na sua vida. E eu também curti o final. Tem direito a romancezinho e tudo mais.
    A parte mais empolgante, sinceramente, foi chegar nos comments do Dumbledore. Ele nos fala que foi encarregado dos “efeitos especiais” da reprodução do conto em uma peça no Natal. O diretor era apenas aluno na época em que fez o trabalho, mas já teve contato com um cinzal (Referência a Animais fantásticos & onde habitam).
    Para quem não sabe, Animais fantásticos & onde habitam é um livro que cataloga várias espécies de animais fantásticos pelo mundo todo. Escrito 70 anos de HP, J.K. Rowling toma forma de Newt Scamander em um livro divertidíssimo com prefácio do Alvo Dumbledore e com comments do trio parada dura: Harry, Hermione e Rony.

O CORAÇÃO PELUDO DO MAGO

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    Esse é um conto que não deve ser lido por uma pessoa que não curte histórias com sangue e nem final triste. Afinal, um jovem bruxo resolve recorrer às artes das trevas para garantir que nunca irá se apaixonar. Já é um indício de que vai dar sujeira, né?
    Ele, então, guarda o seu bem mais preciso em uma masmorra. Só que mesmo depois de ficar tanto tempo sozinho e se sentir soberano por tal feito, o fato de seus criados acharem que ele é um desafortunado por não ter esposa, mexe com ele.
    Ta aí um fato que achei estranho, por que uma pessoa sem o seu bem mais precioso se importaria com o que as pessoas estão dizendo sobre ele?
    Nos comentários, Dumbledore diz que o conto é sobre as tentações que habitam no ser humano. Nessa história, trata-se da busca pela invulnerabilidade através da magia e servir-se de meios que as Leis Fundamentais da Magia não estão de acordo.
    Enfim, é um conto que funciona como um aviso para as crianças bruxas não lidar com artes das trevas por que irão se dar mal (e você também! Não tente usar magia das trevas ou terá um coração peludo!).

BABBITTY, A COELHA E SEU TOCO GARGALHANTE

    Beedle nos introduz um rei idiota que deseja ser bruxo apenas sacudindo a varinha e com exercícios de um instrutor de magia charlatão. Obviamente, o rei não sabe que esse não-bruxo só está de olho no dinheiro que estava conseguindo.
    Mas esse charlatão, estava sendo observado por Babbitty, uma animaga bem espertinha que iria mudar todos os planos do trouxa charlatão.
    É uma história um tanto rala, mas divertida que nos mostra como os trouxas são meio tapados quando o assunto é magia.
    Dumbledore faz uma boa análise do conto e diz que esse é a história mais real de todas, mesmo sendo comprovado que animagos não falam enquanto estão na sua forma bestial.
O CONTO DOS TRÊS IRMÃOS

    O último, mas não o menos importante, é O conto dos três irmãos. Presente no filme, no livro sétimo de HP e o deslumbrante que deu para J.K Rowling escrever mais sobre o mundo bruxo.
    Passando com um olhar rápido sobre o conto, ele nos diverte sobre a história de três irmãos que enganaram a Senhora Morte.
    É uma história desesperançosa sobre enganar a morte. Mesmo não sendo bruxo, todos querem poder viver um pouquinho mais, não é mesmo? (Pra ver/ler mais Harry Potter xD)
    Dumbledore fala um pouco sobre todas as Relíquias da Morte e em como a mensagem escrita por Beedle é interpretada de várias maneiras (até em superstições sobre os tipos de várias indicando casamento!). Ele fecha então dizendo:
   
        Qual de nós, porém, teria revelado a sabedoria do terceiro irmão, se ele fosse oferecido escolher o melhor presente da Morte?”

E AÍ, QUAIS FORAM AS CONSIDERAÇÕES FINAIS?

    Para terminar, ter o Dumbledore conversando contigo em tom de ensaio é fascinante. Você consegue enxergar mais sobre um personagem tão importante e, consecutivamente, tirar a base de suas ações na saga do HP.
    É uma uma ótima leitura para o fim de tarde, para descontrair. Você consegue ler em poucas horas.
    A tradução foi feita pela diva Lia Wyler que praticamente não deixa a desejar quando falamos de competência tradutória. Um único ponto que achei estranho foram algumas palavras difíceis, totalmente destoantes do texto porque te faz travar e isso quebra um pouco da imersão sobre a história. Dizem que um bom tradutor é aquele que faz o seu trabalho de maneira invisível, sem deixar que o leitor sinta que está lendo uma tradução. E isso aplica-se neste texto.
Talvez para os jovens bruxos não sejam tão difíceis assim. Tirando isso, Os Contos de Beedle, o Bardo, que ouso comparar aos contos dos Irmãos Grimm, passam a mesma vibe daquelas histórias que não parecem ter sentido algum com aquela pitada de estranheza intrigante que te prende até o final, mesmo sendo os fios condutores bem nivelados.
    Resumindo, é um ótimo livro para pra agregar ao seu conhecimento bruxo.


FICHA TÉCNICA

Nome: Os Contos de Beedle, O Bardo
Escritor(a): J. K. Rowling
Tradução: Lia Wyler
Gênero(s): Fantasia
Páginas: 157